COLUNA DO J. CRUZ



31/12/19 09h18   Artigos Imprimir

 

 

AS REFORMAS DA CATEDRAL

 

A cidade da Estância começa a ser fundada em 16 de setembro de 1621, quando o capitão-mor João Mendes concedeu uma sesmaria de três léguas quadradas de terras às margens do Rio Piauí a Pedro Homem da Costa e Pedro Alves para plantar, criar gado e morar com seus empregados (Cf. FRANÇA, Vera Lúcia e GRAÇA, Rogerio Freire. Vamos conhecer Estância). Como eram pessoas devotas a Virgem Maria com o título de Guadalupe construiu uma capela que deu origem a esse majestoso templo que atualmente é a Catedral Diocesana de Estância. Certamente que Pedro Homem da Costa não construiu uma Igreja igual a atual, provavelmente com o passar dos anos foram realizadas ampliações e inúmeras reformas que infelizmente alterou a arquitetura jesuítica barroca original, principalmente em seu interior.

Até os anos quarenta do século passado, as duas laterais do andar superior eram abertas. O telhado era sustentado por pilares e com isso existia uma aparência com muitas igrejas barrocas existente em nosso país. Alguém poderá até deduzir que na época da construção faltou recursos para construir as paredes laterais até o telhado. Mas era o costume da época deixar espaços abertos para ventilação e facilitar a claridade. Um tempo em que não existia energia elétrica, muito menos ar-condicionado e ventiladores. Os construtores em suas obras priorizavam o bem-estar da população. O pároco da época (vigário da freguesia) empreendeu uma reforma que alterou o visual arquitetônico da Igreja Matriz subindo as paredes até o telhado e colocando janelas. Anos antes já tinha sido instalado um vistoso relógio suíço na torre esquerda.

Mas no final dos anos cinquenta quando já existia comentários de que seriam criadas duas Dioceses no interior de Sergipe e que Estância poderia ser uma delas, começou uma movimentação na cidade através do vigário da época, o Padre Santiago para reformar a Matriz. Diante disso o Jornal a ESTÂNCIA de 14 de junho de 1959 de nº 2.254 traz a seguinte manchete: “O deputado Pedro Soares apresentou ao legislativo estadual um projeto de Lei autorizando o auxílio de Cr$ 100.000,00 para obras da nossa Matriz”. E a matéria continua: “Com a criação da futura Diocese, a nossa Matriz será elevada à categoria de Catedral da mesma Diocese”. Com essa notícia, nota-se que já existiam rumores de que Estância poderia ser a seda da Diocese. Portanto mais uma reforma foi executada na Matriz visando ser elevada à categoria de Catedral. No ano seguinte, 30 de abril de 1960, foi criada a nova Diocese.

Depois da posse de Dom Coutinho veio outra reforma que descaracterizou totalmente a arquitetura jesuítica. No presbitério abriram as duas laterais e com isso foram destruídos dois paneis de azulejos portugueses que retratavam a primeira Missa do Brasil e Padre Anchieta escrevendo um poema nas areias da praia. Dois altares de madeira idênticos aos da Igreja do Rosário que ficavam um a direita e outro a esquerda foram retirados. Também foi colocado azulejos em todo corpo da Igreja na altura de dois metros. Apesar da Catedral ficar mais ampla, porém, destruiu a sua originalidade. Convém ressaltar que em uma reforma anterior, provavelmente dos anos quarenta, foram retirados os púlpitos das laterais e suas rampas, locais em que os celebrantes utilizavam para proferir o sermão antes de existir os serviços de sons. Na época alguns estancianos criticaram a reforma, porém, não quiseram se indispor com a principal autoridade eclesiástica.

Mas as reformas não param por aí. Em fevereiro de 1985 padre Fernando Ávila toma posse como pároco de Estância e com ajuda financeira da “Adveniat” alemã realizou duas reformas que incluiu a colocação do piso em mármore, forros e portas de madeira, toda a calçada, a construção de um banheiro na sacristia e outros melhoramentos. Em julho de 1992 Padre Dulcênio Fontes de Matos toma posse como pároco da Catedral e ver que o principal templo da Diocese estava necessitando urgentemente de uma reforma completa. Depois de várias campanhas para angariar fundos foi iniciada a obra que mudou o aspecto do templo. Locais que eram forrados de madeira foi substituído por forro de alvenaria, construção de altares e banheiros, novos bancos, troca de todo telhado, inclusive a madeira, som, rede elétrica e nova pintura.

Em 1987 na administração de Dr. Carlos Magno, a Prefeitura realiza uma nova urbanização da Praça Barão do Rio Branco e para que todas as calçadas ficassem iguais foi incluída a da Catedral. Depois de um acerto com o Padre Fernando Ávila a Prefeitura assumiu as despesas. Na execução da obra, quando começaram remover a velha calçada, o engenheiro responsável chegou à conclusão de que não havia alicerces no entorno da Igreja, pois, era só o chão com uma fina cobertura de cimento e com isso não havia proteção as paredes. Uma obra que parecia pequena se tornou mais complexa, foram feitas estruturas de cimento armado em toda calçada para evitar no futuro um deslizamento e comprometer toda a estrutura da Igreja.    

Passaram os anos e no dia 15/09/2014 a Catedral Diocesana de Estância foi interditada pela Defesa Civil porque apresentava problemas na estrutura. Diante desse contexto veio a necessidade de uma nova reforma. Foram mais de cinco anos de muita luta e dedicação da Paróquia com os Movimentos e Pastorais para arrecadar fundos para execução das obras. No último dia 03, início do novenário em honra de Nossa Senhora de Guadalupe foi reaberta a Catedral que ficou muito próxima da sua originalidade arquitetônica jesuítica e ao mesmo tempo moderna. Na obra foram recuperados o telhado, as duas torres, os altares de madeira, a imagem de Nossa Senhora de Guadalupe, construção de capela batismal, implantação de um conjunto de banheiros, novos ventiladores, rede elétrica, modificação do presbitério, uma nova pintura e mais itens importantes necessários para conservação do templo. A nova reforma custou mais de R$ 1.100.000,00 (um milhão e cem mil reais).

Finalmente observa-se que uma edificação do século XVII sempre vai precisar de uma manutenção que vai desde sua estrutura, pintura, troca de moveis e outros itens necessários para que atenda as necessidades dos seus usuários. Logicamente que além destas reformas acima citadas existiram outras que a notícia não chegou aos dias atuais e que se perderam no tempo. Portanto, sempre haverá pequenas e grandes reformas na Catedral Diocesana de Estância.                                              

LUGAR ESTRANHO PARA UMA FEIRA

No último dia 03/12, início do novenário em honra de nossa Padroeira, Nossa Senhora de Guadalupe, depois de cinco anos foi reaberta solenemente a Catedral Diocesana de Estância que ficou bastante linda. Só que tem um detalhe: toda quarta feira funciona ao lado do principal templo da Diocese uma feira de pequenos agricultores. Nada contra os feirantes que são trabalhadores e que merecem o nosso respeito, porém, acredito que o local já era inadequado e agora ficou mais ainda. Um local de uma feira que não tem banheiros e outra coisas que fazem parte da natureza do que é comercializado no local, apesar das barracas serem padronizadas. Historicamente a feira livre de Estância era na praça da Catedral em frente ao prédio da DR1, no final dos anos trinta e início da década de quarenta foi transferida para antiga Praça da Bandeira. Portanto, não vamos descaracterizar a beleza da nossa Catedral.

                        O VERGONHOSO FUNDO ELEITORAL

A previsão inicial do Fundo Eleitoral para 2020 destinados às campanhas de candidatos a prefeito e a vereador seria de 3,8 bilhões. Depois de muito debate na Comissão de Orçamento o valor foi reduzido para quase a metade da previsão inicial. O relator do Orçamento no Congresso, deputado Domingos Neto (PSD-CE), afirmou que o valor do fundo eleitoral para 2020 será de R$ 2 bilhões, quantia proposta pelo governo. A decisão representa um recuo do Congresso, que chegou a tentar aumentar os recursos destinados às próximas campanhas. Interessante que existe uma lamentação que faltam recursos públicos para a saúde, educação, segurança e habitação, entretanto, na próxima eleição vão gastar mais de 2 bilhões de reais, dinheiro dos impostos pagos pelos cidadãos que deveria ter outra utilidade beneficiando a população.